sábado, 4 de novembro de 2006

ECS 7 - MARX E ENGELS

TRAÇOS BIOGRÁFICOS Karl Heinrich Marx nasceu em Trèves, ao sul da Prússia, a 5 de maio de 1818. Economista, filósofo e socialista alemão, estudou na universidade de Berlim, principalmente a filosofia hegeliana, e formou-se em Iena, em 1841, com a tese Sobre as diferenças da filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro. Em 1842 assumiu a chefia da redação do Jornal Renano em Colônia, onde seus artigos radical-democratas irritaram as autoridades. Em 1843, muda-se para Paris, lá se envolve no movimento dos operários franceses e reencontra seu futuro maior amigo Friedrich Engels, depois de conhecê-lo não muito profundamente em Colônia. Na capital francesa, passa necessidades, escassamente supridas pela retribuição recebida pelo trabalho na revista Vorwäts!, Em português: Avante! Porém, por seus artigos sobre a situação política na Alemanha, é expulso da França por pressão de Guilherme IV. De lá parte para Bruxelas, onde pôde entrar mediante a assinatura de um documento comprometendo-se a não redigir artigos sobre a atualidade política nacional ou internacional. Lá se associa à Liga Socialista pela Justiça, posteriormente denominada Liga Comunista. Logicamente não cumpriu a determinação de não escrever artigos políticos, e acabou sendo expulso da Bélgica, voltando para Paris. Em 1848, aproveitando a morte de Guilherme IV, pôde voltar com Engels e sua mulher para Colônia, onde iniciam a publicação da Nova Gazeta Renana, fechada no ano seguinte. Engels acabou sendo exilado em Londres devido a um mandato de prisão expedido contra ele. O mesmo aconteceu com Marx mais tarde. Exilou-se em Londres, onde permaneceu até o fim de sua vida. É impossível falar de Marx sem lembrar Engels. Suas atividades políticas, intelectuais e militantes estiveram estreitamente ligadas. Engels era filho de um industrial muito religioso e conservador e fora criado num ambiente dominado pelo pietismo, a tendência mais rigorosa do protestantismo alemão. Aos 19 anos começou a publicar artigos com conteúdo democrático na revista da cidade. Com 24, Engels visitou a redação da Gazeta Renana. Foi recebido friamente por Marx, por ter prevenção contra a falta de seriedade dos Liberados, grupo extremista do qual Engels fazia parte e que promovia atividades ruidosas. Mesmo assim, Marx publicou dois de seus artigos. Os dois encontraram-se novamente em Paris, em 1844. Engels estava terminando um estudo sobre o sistema capitalista inglês, trabalho que muito interessava a Marx. Começava aí uma forte e duradoura amizade. Engels foi um dedicado consultor do trabalho de Marx, debatia muito com seu amigo e em diversos momentos socorria financeiramente a família de Marx. Em 1848, juntos abalariam e transformariam o mundo escrevendo o glorioso Manifesto do Partido Comunista. Após a morte de Marx, Engels pôs-se a completar e divulgar o trabalho do amigo pelo mundo. Em 1895 Engels morreu de câncer no esôfago. DIVERGÊNCIAS Marx nunca teve qualquer inimigo pessoal. Porém, tinha por hábito debater suas teses com os outros filósofos, o que rendeu muitas polêmicas. Uma delas foi com o filósofo Proudhon, o homem mais popular do movimento operário francês. Marx escreveu a ele convidando-o para participar dos Comitês de Correspondências Comunistas, que promoveria o intercâmbio de comunistas de vários países. Proudhon respondeu recusando participar do movimento por contestar o internacionalismo de Marx e suas concepções econômicas. O ideal de cooperativas de Proudhon estava muito distante do empenho de Marx e Engels em organizar a luta da classe do proletariado contra a burguesia. Essas opiniões do filósofo francês foram relatadas em seu livro Filosofia da miséria, escrito contra Marx. Nesse livro defendia ideais anarquistas, com uma sociedade baseada na pequena propriedade. A resposta de Marx veio com o livro Miséria da filosofia onde diz que, de Hegel, Proudhon só havia adquirido o vocabulário, além de criticar seu reformismo e chamar suas idéias de pequeno-burguesas e descomprometidas com a classe trabalhadora. Também polemizou com Bakunin, o "pai do anarquismo". Este era um revolucionário de formação hegeliana e defendia a greve geral, contestada por Marx, que dizia que a mesma era um mito que poderia prejudicar a organização da classe trabalhadora, que deve amadurecer com paciência. Bakunin admirava o conhecimento de Marx, porém o considerava prepotente e defendia a auto-organização do trabalhador. Disse Marx sobre o programa de Bakunin: "é uma salada de lugares-comuns, de palavrório sem sentido, uma grinalda de conceitos e improvisação insípida".